A viagem de catamarã para Bergen

março 27, 2010

No início de dezembro, eu, Denise e Raquel, resolvemos visitar uma amiga nossa em Bergen, que fica há uns 150 Km de Stavanger, em linha reta. Repare que eu escrevi “em linha reta”, pois esse detalhe é essencial para quando você quer se locomover na Noruega, onde a distância percorrida em uma viagem teoricamente curta pode ser bem maior na prática. A razão disso é que a Noruega é um país com acidentes geográficos extremos: de um lado montanhas escarpadas e de outro fiordes, ilhas e penínsulas (veja o mapa abaixo).

A viagem de ônibus de Stavanger a Bergen é mais ou menos desse jeito, pois a rodovia E39 é altamente entrecortada por fiordes, o que a faz durar cerca de quatro horas. Portanto, pelo fato do preço ser mais barato do que ônibus e pela novidade, tivemos a ideia (na verdade foi da Denise) de irmos de catamarã pela rota chamada Flaggruten (cuja tradução é “a rota das bandeiras”). Viajar pela Flaggruten também demora quatro horas e por ela se percorre fiordes, canais e pedacinhos de mar aberto. Veja o mapa abaixo com a sua trajetória aproximada.

Flaggruten

A rota Flaggruten que percorre um pedaço da costa oeste norueguesa, ligando Stavanger a Bergen

Saímos de Stavanger à noite e por isso na ida só vimos luzinhas ao longe. Desconfio que, por causa da escuridão, ficamos meio enjoados, pois pelo que ouvi dizer, ver o barco se mexendo em comparação ao horizonte minimiza o efeito do enjoo. Porém na volta, como saímos de Bergen na hora do almoço, a viagem foi feita de tarde e se revelou muito agradável, cheia de paisagens muito bonitas, com ilhas, montanhas nevadas ao longe, cidades arrumadinhas, povoados e fazendas. A foto do celular não ficou boa, mas espero que dê uma ideia da paisagem.

Flaggruten com a Folgefonna ao fundo


Além disso, tivemos a grata surpresa de ver bem ao longe uma cadeia de montanhas cobertas de neve no topo, que eu desconfio que seja uma borda da geleira Folgefonna (indicada no mapa pela marca A). Para quem não sabe o que é geleira (incluindo eu mesmo), a wikipedia tem uma detalhada explicação, mas basicamente é uma massa de gelo perpétua. A Folgefonna é a terceira maior geleira da Noruega e é um parque nacional.

Pouco antes de passarmos por Leirvik (Stord) vimos à nossa esquerda criadouros de peixes. Na hora da foto eu imaginei que fossem de peixes, mas pensando bem podia ser qualquer coisa comestível de água salgada.

Criadouros de peixes

As redes verdes delimitam a área dos criadouros de peixes


Para terminar vejam uma foto do simpático catamarã da Flaggruten.
Catamarã

Catamarã da Flaggruten

Na semana que vem, vou explicar como “andamos sobre um lago”

Três comerciais noruegueses – complemento ao post do sotaque dos noruegueses

março 17, 2010

Aqui na televisão norueguesa passam uns comerciais bem legais, mas infelizmente só depois da décima vez você assiste é que entende alguma coisa, principalmente o que está sendo comercializado. No caso dos dois primeiros comerciais abaixo, o produto é o mesmo mas vou deixar como surpresa para vocês descobrirem (não é difícil). Além disso também serve como exemplo do sotaque dos noruegueses

Neste primeiro comercial, um vendedor de roupas fica doidão e começa a cantar para a freguesa. O destaque vai para o cachecol mega-gigante do vendedor e sua morenice suingada.

Neste segundo, um cabeleireiro também fica doidão e começa a cantar para o freguês. O destaque vai para a “roupitcha combinativa” do cabeleleiro e a cara de apavorado do freguês.

Finalmente neste último a tiazinha camponesa fica, digamos, um pouco irritada com a vaca. Neste caso vou revelar o que está sendo veiculado: a manteiga da marca TINE, produto largamente utilizado por estas bandas. Vale comentar ainda que a TINE é uma cooperativa de produtos laticínios que congrega mais de 15 mil pequenos fazendeiros!

Não perca o próximo post: neve em Stavanger.

A viagem de trem para Oslo

outubro 8, 2009

Em agosto estivemos por uma semana em Oslo a capital da Noruega e considerada uma das cidades mais caras do mundo. Eu fui para fazer treinamento em um software da Schlumberger e a Denise foi junto curtir a cidade. Porém antes de falar de Oslo (que merece um post a parte), não posso deixar de comentar a viagem de trem que nos levou de Stavanger (Sandnes) a Oslo, passando pela cidade de Kristiansand.

Foi uma viagem muito bacana, com paisagens que lembram aqueles quebra-cabeças de mil peças. Imagine o padrão: laguinho+pinheiro+rochas. Enfim, tivemos uma overdose disso durante as oito horas de viagem, tanto que eu admito que fiquei cansado. Imagine aquela sensação de comer um pote de meio quilo de doce de leite, as duas primeiras colheradas são boas, mas depois de oito horas de colheradas, você fica meio cansado/enjoado.

Paisagem típica do sul da Noruega, entre Stavanger e Kristiansand

Paisagem típica do sul da Noruega, entre Stavanger e Kristiansand

Para os curiosos, a próxima figura mostra o sul da Noruega com o caminho que o trem percorre, indo de Sandnes (à esquerda) a Oslo (acima à direita), passando por Kristiansand (abaixo). Como se pode perceber neste caso, a linha do trem faz uma grande curva para baixo, pois se fosse direto de Stavanger a Oslo, teria que percorrer as montanhas. O nome dessa linha de trem é Sørlandsbanen e quem quiser saber detalhes mais basta consultar a wikipedia.

A linha de trem Sorlandbanen, que liga Stavanger (à esquerda) a Oslo (à direita)

A linha de trem Sørlandsbanen, que liga Stavanger a Oslo

Com o mapa acima podemos notar uma peculiaridade da Noruega: sua superfície é completamente recortada por lagos compridos. Visto de cima, parece que o terreno foi todo rasgado por garras, deixando estas marcas no sentido das montanhas para o litoral. Na verdade, sem entrar em detalhes, o que aconteceu foi isso mesmo, porém as geleiras fizeram o papel das garras. Quando estes rasgos atingem o mar, passamos a chamá-los de Fiordes, que são bem famosos aqui neste país. Repare que Oslo fica bem no fundo de um fiorde beeem comprido, chamado Oslofjord.

Para finalizar, uma última curiosidade, para aqueles que não gostam de passar vergonha: Oslo se pronuncia como “Uslu” e não “Óslo”, como estamos acostumados a fazer.

Comidas na Noruega – o normal, o caro e o novo – parte 1

setembro 30, 2009

Vamos à comilança! Porém antes um aviso: eu comecei a escrever sobre comida na Noruega e descobri que este é um tema muito grande, por isso vou dividir em partes. Além disso, acho que comida será um tema recorrente por aqui, então vou colocar aos poucos o que penso e tenho experimentado. Hoje vou comentar sobre o que acho da relação dos noruegueses com a comida.

Em primeiro lugar vou dizer o que todo mundo já sabe (ou desconfia): a comida na Noruega é cara! Esta princípio é importante pois dele derivam vários comportamentos com relação à alimentação, bem como os alimentos e receitas disponíveis.

A relação do norueguês típico com a comida é bem diferente do brasileiro típico: são altamente frugais, algo que parece ser comum nos europeus não-latinos. Tipicamente o café da manhã é bem reforçado, com bastante grãos e iogurte, o almoço é curto, baseado em sanduíches de pães integrais, e janta ainda é um mistério para mim. Sim, parece tudo muito diferente, com um ar de estranheza, que nos faz ponderar “Nossa! Como eles constituem uma sociedade tão avançada, se eles são assim com a comida então esse deve ser o jeito correto, não?”

Entretanto eu também tenho outra experiência para comparação. Por seis meses eu fui uma espécie de tutor de um aluno norueguês na Unicamp. Ele ficou fazendo uma espécie de estágio/intercâmbio no grupo de geofísica onde eu fazia doutorado (em 1999) e conversávamos bastante sobre a Noruega. Para encurtar a história, ele só falava mal da comida da Noruega, cujo almoço era baseado em pão preto e patê de fígado de alce. Pois é, talvez ele estivesse tirando barato com a minha cara, mas eu lembro de duas coisas do Thorvald, ele adorava dançar salsa e a comida do bandeijão. Principalmente o arroz e feijão!

Portanto, acho que os noruegueses (e outros europeus) só não são mais comilões porque não podem. No fim das contas, ser frugal tem sido uma necessidade, que por acaso faz bem para a saúde.

Próximo post: a nossa viagem de trem para Oslo…

O sotaque dos noruegueses – sons que você nunca ouviu

setembro 26, 2009

Quando você chega na Noruega e começa a ouvir os noruegueses falando, dá a impressão de que você está tocando um disco de trás para frente. A gente fazia isso com os discos da Xuxa e de bandas de hard-rock, como o Led Zeppelin, na esperança de ouvir as famosas mensagens secretas (até mesmo diabólicas) que faziam lavagem cerebrais.

Parece exagero, mas essa é a sensação que tive nos primeiros dias. Chega ser até mesmo engraçado ouvir as vinhetas na televisão, pois ficamos com a impressão de que se as tocássemos de trás para frente ouviríamos alguém cantando algo em Português! Bom, é claro que isso é invenção da nossa cabeça e a explicação mais plausível que eu tenho é que, embora os sons sejam bem parecidos com os sons do português, a entoação é completamente diferente, dando a tal impressão de a palavra está sendo falada/cantada ao contrário.

Além dessa inversão total de entoação existem também dois sons muito peculiares: o “húum” de afirmação e uma espécie de “ya” de afirmação de alguém que está acompanhando seu raciocínio no meio de uma conversa. Vou explicar melhor cada um pois realmente estes dois sons chamam muita atenção dos estrangeiros.

O “huum” de afirmação é equivalente ao nosso “hãm-hã” também de afirmação, como por exemplo no diálogo:
– Você já tomou seu remédio hoje? Perguntou a mãe;
– Hãm-hã, respondeu o filho
É claro que se você trocar o “hãm-hã” e trocar por “Hum-hum” dá para entender do mesmo jeito. Aliás acho que este último é o jeito certo de escrever. O que acontece então com os noruegueses é que eles foram juntando as duas palavras do hum-hum até virar uma só, com o “u” bem comprido. É bem estranho, tanto que a primeira vez que eu ouvi eu achei que a pessoa tinha engasgado, sei lá. Mas pensando melhor, o “húum” não é nem mais nem menos estranho que o nosso “hã-ham”, tanto assim que ele pega, viu? Do mesmo jeito que um cacoete pega na gente!

O outro som, o “ya”, é ainda mais peculiar. Para quem o ouve pelas primeiras vezes ou quem não está acostumado, parece que no meio da conversa o norueguês dá um suspiro bem curto, com se tivesse com falta de ar, ou ainda, se você quiser ser maldoso, como se tivesse levado “um sustinho”. É sim… é bem estranho e eu confesso que até hoje não me acostumei direito. Mas a explicação oficial, dada pela professora de Norueguês da Denise, é ainda mais peculiar. O que acontece é que parece que a língua norueguesa é uma das poucas, se não a única, em que se emite palavras inspirando o ar. Já parou para pensar nisso? A gente (que fala português, inglês, espanhol etc) só constrói palavras emitindo o som quando expulsamos o ar do pulmão. Os noruegueses, além dessa técnica comum, também emitem palavras curtas, como o “ya”, quando o ar entra nos pulmões. Só de brincadeira, tente falar uma palavra fazendo isso. Difícil, não?

Próximo post: comidas na Noruega…

Pausa para uma pequena interação entre nós

setembro 8, 2009

Olá pessoal, estou tentando aprender a usar as ferramentas deste blog (neste caso as enquetes). Então ajude-me a escolher o próximo post votando na enquete abaixo! No sábado eu publico o resultado.

Primeira semana em Stavanger

agosto 22, 2009

Depois do cansaço da viagem na quinta e dos acontecimentos do fim de semana, a empresa relocation.no entrou em contato conosco marcando para estarmos na delegacia na terça-feira às oito da manhã, para entrarmos com o pedido de visto de trabalho. Porém antes, na segunda-feira eu e a Denise andamos bastante pela cidade, tentando lembrar por onde o Rafael tinha nos levado. A nossa principal missão nesse dia era tirarmos xerox do passaportes, pois estávamos desconfiados que a polícia iria retê-los por alguns dias.

Essa missão foi se mostrando pouco a pouco “impossível”, pois ficamos andando pela cidade toda e nada de encontrar um lugar para copiar os passaportes. Tivemos a brilhante ideia de ir na biblioteca pública e procurar lá, mas também não tinha. Contudo nos cadastramos na biblioteca, o que nos permite retirar livros, cds e dvds, tudo de graça é claro. Depois acabamos descobrindo que o único lugar que tira xerox é nos correios e foi o que fizemos. No dia seguinte, na polícia, deu tudo certo, demos entrada com a papelada, mas a polícia não reteve nossos passaportes. Pelo menos a nossa “missão” fez com que a gente conhecesse mais a cidade.

Depois da polícia, a Anne-Berit (da relocation.no) nos levou até à Schlumberger Stavanger Research Center (SSR) que fica numa cidade vizinha (Tananger) para conhecermos o meu chefe. A chegada foi bem empolgante para mim, pois acima de tudo o prédio é bem bonito por fora e por dentro também como descobri depois. Eu e a Denise tivemos uma reunião bem geral com o Lars (o chefe) que nos deu uma visão geral do trabalho e do departamento. Almoçamos na cantina, que fica no térreo do prédio e já comecei a me introduzir no ambiente de trabalho lendo toda a papelada burocrática, documentos de políticas da empresa sobre condutas de trabalho e assinando termos de compromisso. Ao todo são nove termos de compromisso e vinte e tantas políticas.

A surpresa mais agradável para mim nesta semana foi quando estávamos a caminho do escritório do chefe para a primeira reunião. À direita no corredor havia um gabinete com o meu nome na porta, indicando que ali seria meu escritório nos próximos dois anos: enfim eu acabara de me sentir parte do time do SSR . Confira aí embaixo a foto do meu gabinete tirada do celular.

Room S316 - meu gabinete na Schlumberger.

Room S316 - meu gabinete na Schlumberger.

Primeiros dias em Stavanger

agosto 3, 2009

Hotel Clarion

O nosso primeiro dia, na verdade nossa primeira noite com claridade, foi passada no hotel Clarion. Foi uma noite muito esquisita, pois tanto a mudança de fuso horário junto com o cansaço da viagem nos derrubou totalmente. Embora estivéssemos muito cansados, passamos a noite toda dormindo e acordando várias vezes. Além disso eu e a Denise sentimos uma espécie de maresia/tontura, pois o avião de SP para Frankfurt ficou o voo inteiro num balancinho lateral, como se estivéssemos andando de charrete. Essa mesma sensação eu sentia quando ia dormir num dia que ficasse pegando onda de jacaré o dia todo, tipicamente em Cabo Frio. O meu irmão vai se lembrar dessa sensação meio gostosa meio estranha de como se passasse uma onda invisível pela gente. Entretanto essa sensação provocada pelo voo não tinha nada de bom.

Graças a Deus a cama era maravilhosa, com quatro travesseiros gigantes e dois futons, o que fizeram a gente descansar. Bisbilhotando a tv, descobrimos que existia um menu em que era mostrado o funcionamento do hotel, entre outras coisas. Além disso, fuçando ainda mais este menu descobrimos que havia uma mensagem da empresa da relocação para nós, dizendo que às “9 da madrugada” iria aparecer um funcionário para nos conduzir ao flat em que ficaríamos os próximos três meses.

Porém nem tudo são maravilhas, o maior defeito desse hotel, na minha opinião, é que não havia ninguém para ajudar com as nossas cinco malas e duas mochilas. Isto mesmo, nem na chegada, nem na saída. Na chegada eu e a Denise carregamos tudo e na saída eu sozinho (toquem os violinos!) carreguei tudo do quarto para o lobby e depois do lobby para o carro da companhia de relocação. Isto aconteceu porque a Denise acordou enjoada, passando mal. Mas antes da saída resolvemos tomar um café da manhã reforçado pois tínhamos dúvida se comeríamos tão cedo. Porém o café da manhã do hotel se mostrou meio surpreendente, pois toda a comida parecia meio rústico e meio forte. Só para dar uma ideia, além das comidas que vemos em todo o lugar (café continental) existiam coisas típicas daqui, mas o apogeu eu lhes conto: existiam três recipientes, um com tomates, um com pimentões e outro com pepinos, todos cortados. Depois dessa e depois de olhar tudo, fiquei com suco de laranja, fatia de pão preto, ovos mexidos e linguicinhas. A Denise ficou com o clássico café com leite com pãozinho, ingeridos na base da força  de vontade, pois como disse, ela estava enjoada.

O funcionário da empresa de relocação era na verdade uma mulher, que aqui chamarei de Srta. Gunn, embora eu não saiba se é casada ou não. Ela se apresentou muito simpática e foi nos passando bastante informações, no entanto quando disse  que a Denise estava passando mal, a Srta Gunn fez uma cara de quem não gostou, como se pensasse que as coisas estavam prestes a sair do planejado. Mas logo ela se recompôs e perguntou se a Denise precisava de médico ou apenas de um remédio. A Denise decidiu que seria melhor se seguíssemos com o plano, isto é, fôssemos todos ao flat em que estamos até hoje. Entretanto, existia o problema das cinco malas e duas mochilas, que obviamente não cabiam no carro da companhia. Para encurtar a história, A Srta Gunn decidiu que faríamos duas viagens e assim o fizemos, e tão logo chegamos ao flat a Denise melhorou. Ufa…

Gladmat

Não vou entrar em mais detalhes agora, prometo que faço depois, mas o principal é que fomos apresentados ao flat pela Srta. Gunn, que nos mostrou as suas principais facilidades. Depois nos informamos onde havia algum mercadinho aqui por perto e lá fomos nós atrás dele. Chegando lá fizemos uma boa compra do que achamos básico, desde papel higiênico, passando por leite, pão, queijo, salaminho, iogurte, granola, pratos congelados, entre outras coisas. Voltamos carregados, fizemos um lanche e dormi novamente, por volta das três da tarde. Honestamente eu estava esgotado por ter que ficar carregando todas as malas de lá para cá (ok, podem tocar o violino novamente).

Acordei lá pelas 8 da noite (noite é uma maneira de dizer, lembrem-se…) e resolvermos ligar para o Rafael, que é um ex-aluno meu da Unicamp, que trabalha na Halliburton e mora aqui em Stavanger há nove meses. Eu não faço a mínima ideia do que a Denise fez nesse meio tempo, das 3 às 8. Acho que ela ficou descansando e fuçando os eletrodomésticos (que merecem um post à parte). Enfim, o Rafael nos disse que iria ao penúltimo dia do Gladmat, que é uma feira de comidas aqui em Stavanger que parece ser muito famosa aqui na Noruega. O local da feira é no píer central da cidade, um local bem aprazível, como descobrimos assim que chegamos lá. Para se ter uma ideia, a feira parece um pouco com a feira dos estados ou a feira das nações que acontece aí no Brasil, porém totalmente focada em comida. Havia muita comida exótica e muita comida normal também. Eu resolvi não arriscar e comi um espetinho de frango com arroz e ensopado de frango ao curry, na tenda indiana. A Denise resolveu comer o hambúrguer de alce com cogumelos, fato comprovado com fotos no orkut dela.

Depois passeamos um pouco na orla sempre em companhia do Rafael, que ia nos contando as dicas e mostramos algumas lojinhas do centro da cidade. Isso já era onze da noite, o que mostra uma das coisas mais legais daqui que é a segurança. Por fim acabamos voltando à feira e paramos na barraca que vendia carne de baleia. Não, não comemos baleia (ainda), só pedimos duas cervejas (chopps) e uma sprite, e foi quando tive o primeiro choque financeiro, pois estas bebidas custaram cerca de 160 coroas norueguesas, o que dá cerca de 45 reais! Este pequeno parágrafo me permite concluir sem muita profundidade o seguinte: estamos de fato no país com maior renda per capita do mundo (ou um dos maiores..).

No próximo posto, vou resumir os acontecimentos da semana e meu primeiro dia de trabalho na Schlumberger.

Comecemos do começo

julho 31, 2009

Para começar vou explicar o título do blog “No caminho do norte”. Eu escolhi este nome, pois atualmente eu e a Denise estamos morando na Noruega, cujo significado é caminho do norte (Norway). Usando este ciberespaço vou tentar descrever nossas experiências durante estes dois anos, nos quais eu e minha esposa passaremos em Stavanger, que fica no sudoeste da Noruega.

A cidade de Stavanger é a terceira (ou quarta) mais populosa da Noruega, fica no litoral e sua importância econômica se deve ao fato de ter sido escolhida pelo governo norueguês como o “centro petrolífero” do país. Este fato tem a ver com o por quê de estarmos morando aqui. O que acontece é que estou empregado em uma empresa de serviços em petróleo chamada Schlumberger. Mais especificamente trabalho desde segunda-feira (27/07) como “research scientist” na divisão chamada WestenGeco, que é a maior fornecedora de serviços em geofísica do mundo. Pois bem, uma das unidades de pesquisa fica aqui em Stavanger.

Sobre a viagem

Viajamos no dia 22 de julho às nove da noite e tudo correu bem no vôo. Fizemos escala em Frankfurt e chegamos em Stavanger às cinco da tarde do dia 23 de julho. Apesar de ter dado tudo certo duas coisas chatearam a gente:

  1. Durante o check-in, a TAM nos obrigou a comprar a passagem de volta, não importando o quanto eu mostrasse o contrato internacional de dois anos que tenho com a Schlumberger. Tentamos argumentar mas não teve jeito, fomos obrigados a pagar quatro mil e quatrocentos reais, pois a TAM fica insegura se o brasileiro consegue entrar na comunidade européia ou não, pois caso não consiga entrar e tenha somente passagem de ida, a TAM é obrigada a pagar a volta.
  2. Em Frankfurt passamos por quatro chepoints: dois de bagagem de mão, um da polícia de imigração logo na saída do avião e um do posto alfadegário. Adivinha qual foi o mais rápido. Sim, a alfândega, de quem a TAM tinha tanto medo. Por causa disso tudo quase perdemos o vôo para Stavanger. Mais uns dez minutos e bau-bau.

Ainda não concluí nada de concreto a partir destes dois acontecimentos, mas com certeza a TAM pisou na bola na minha opinião. É a velha situação em que a minoria paga pela maioria.

A chegada ao aeroporto de Stavanger foi super-tranquila. Voamos de Lufthansa num avião mais modesto, mas muito confortavel. Digo isso, pois no avião da TAM fiquei meio torcido, pois as poltronas são feitas para gente magrinha. No avião da Lufthansa as poltronas eram mais largas e para mim fez muita diferença. Ao chegar no aeroporto de Stavanger, tomamos um suco no seven-eleven e saímos para pegar um taxi para o hotel Clarion. Adivinha que cheiro sentimos logo ao sair da porta giratória do aeroporto? Isso mesmo, de esterco. Para mim foi agradável e familiar, pois lembrei das fazendas em que visitei na minha infância e adolescência.

Depois conto sobre as nossas primeiras impressões e primeiros dias, sem falar na movimentada feira de comida que agitou Stavanger.

Conclusão dessa pequena confusão. A TAM perdeu dois clientes e perdeu a confiança do meu departamento.