Hotel Clarion
O nosso primeiro dia, na verdade nossa primeira noite com claridade, foi passada no hotel Clarion. Foi uma noite muito esquisita, pois tanto a mudança de fuso horário junto com o cansaço da viagem nos derrubou totalmente. Embora estivéssemos muito cansados, passamos a noite toda dormindo e acordando várias vezes. Além disso eu e a Denise sentimos uma espécie de maresia/tontura, pois o avião de SP para Frankfurt ficou o voo inteiro num balancinho lateral, como se estivéssemos andando de charrete. Essa mesma sensação eu sentia quando ia dormir num dia que ficasse pegando onda de jacaré o dia todo, tipicamente em Cabo Frio. O meu irmão vai se lembrar dessa sensação meio gostosa meio estranha de como se passasse uma onda invisível pela gente. Entretanto essa sensação provocada pelo voo não tinha nada de bom.
Graças a Deus a cama era maravilhosa, com quatro travesseiros gigantes e dois futons, o que fizeram a gente descansar. Bisbilhotando a tv, descobrimos que existia um menu em que era mostrado o funcionamento do hotel, entre outras coisas. Além disso, fuçando ainda mais este menu descobrimos que havia uma mensagem da empresa da relocação para nós, dizendo que às “9 da madrugada” iria aparecer um funcionário para nos conduzir ao flat em que ficaríamos os próximos três meses.
Porém nem tudo são maravilhas, o maior defeito desse hotel, na minha opinião, é que não havia ninguém para ajudar com as nossas cinco malas e duas mochilas. Isto mesmo, nem na chegada, nem na saída. Na chegada eu e a Denise carregamos tudo e na saída eu sozinho (toquem os violinos!) carreguei tudo do quarto para o lobby e depois do lobby para o carro da companhia de relocação. Isto aconteceu porque a Denise acordou enjoada, passando mal. Mas antes da saída resolvemos tomar um café da manhã reforçado pois tínhamos dúvida se comeríamos tão cedo. Porém o café da manhã do hotel se mostrou meio surpreendente, pois toda a comida parecia meio rústico e meio forte. Só para dar uma ideia, além das comidas que vemos em todo o lugar (café continental) existiam coisas típicas daqui, mas o apogeu eu lhes conto: existiam três recipientes, um com tomates, um com pimentões e outro com pepinos, todos cortados. Depois dessa e depois de olhar tudo, fiquei com suco de laranja, fatia de pão preto, ovos mexidos e linguicinhas. A Denise ficou com o clássico café com leite com pãozinho, ingeridos na base da força de vontade, pois como disse, ela estava enjoada.
O funcionário da empresa de relocação era na verdade uma mulher, que aqui chamarei de Srta. Gunn, embora eu não saiba se é casada ou não. Ela se apresentou muito simpática e foi nos passando bastante informações, no entanto quando disse que a Denise estava passando mal, a Srta Gunn fez uma cara de quem não gostou, como se pensasse que as coisas estavam prestes a sair do planejado. Mas logo ela se recompôs e perguntou se a Denise precisava de médico ou apenas de um remédio. A Denise decidiu que seria melhor se seguíssemos com o plano, isto é, fôssemos todos ao flat em que estamos até hoje. Entretanto, existia o problema das cinco malas e duas mochilas, que obviamente não cabiam no carro da companhia. Para encurtar a história, A Srta Gunn decidiu que faríamos duas viagens e assim o fizemos, e tão logo chegamos ao flat a Denise melhorou. Ufa…
Gladmat
Não vou entrar em mais detalhes agora, prometo que faço depois, mas o principal é que fomos apresentados ao flat pela Srta. Gunn, que nos mostrou as suas principais facilidades. Depois nos informamos onde havia algum mercadinho aqui por perto e lá fomos nós atrás dele. Chegando lá fizemos uma boa compra do que achamos básico, desde papel higiênico, passando por leite, pão, queijo, salaminho, iogurte, granola, pratos congelados, entre outras coisas. Voltamos carregados, fizemos um lanche e dormi novamente, por volta das três da tarde. Honestamente eu estava esgotado por ter que ficar carregando todas as malas de lá para cá (ok, podem tocar o violino novamente).
Acordei lá pelas 8 da noite (noite é uma maneira de dizer, lembrem-se…) e resolvermos ligar para o Rafael, que é um ex-aluno meu da Unicamp, que trabalha na Halliburton e mora aqui em Stavanger há nove meses. Eu não faço a mínima ideia do que a Denise fez nesse meio tempo, das 3 às 8. Acho que ela ficou descansando e fuçando os eletrodomésticos (que merecem um post à parte). Enfim, o Rafael nos disse que iria ao penúltimo dia do Gladmat, que é uma feira de comidas aqui em Stavanger que parece ser muito famosa aqui na Noruega. O local da feira é no píer central da cidade, um local bem aprazível, como descobrimos assim que chegamos lá. Para se ter uma ideia, a feira parece um pouco com a feira dos estados ou a feira das nações que acontece aí no Brasil, porém totalmente focada em comida. Havia muita comida exótica e muita comida normal também. Eu resolvi não arriscar e comi um espetinho de frango com arroz e ensopado de frango ao curry, na tenda indiana. A Denise resolveu comer o hambúrguer de alce com cogumelos, fato comprovado com fotos no orkut dela.
Depois passeamos um pouco na orla sempre em companhia do Rafael, que ia nos contando as dicas e mostramos algumas lojinhas do centro da cidade. Isso já era onze da noite, o que mostra uma das coisas mais legais daqui que é a segurança. Por fim acabamos voltando à feira e paramos na barraca que vendia carne de baleia. Não, não comemos baleia (ainda), só pedimos duas cervejas (chopps) e uma sprite, e foi quando tive o primeiro choque financeiro, pois estas bebidas custaram cerca de 160 coroas norueguesas, o que dá cerca de 45 reais! Este pequeno parágrafo me permite concluir sem muita profundidade o seguinte: estamos de fato no país com maior renda per capita do mundo (ou um dos maiores..).
No próximo posto, vou resumir os acontecimentos da semana e meu primeiro dia de trabalho na Schlumberger.